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Censo 2022, Política e Uso de Dados em Relações Governamentais

Novo artigo em parceria com a Strategos Consultoria Política Jr (UnB) mostra a importancia e forma de utilização de dados públicos, como do Censo e outras pesquisas do IBGE, para elaboração de estudos e análises em RelGov.

Publicado em:
30/9/2021
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ual a importância do Censo para as políticas públicas? Como esses e outros dados públicos podem ser utilizados em relações governamentais para estudos e análises setoriais?


Entenda a relevância do Censo para entender as dinâmicas socioeconômicas e demográficas no Brasil, compreendas as perspectivas para a realização desta pesquisa em 2022 e como dados e estatísticas públicas contribuem para análises e atuações de lobby e advocacy.

O que é o Censo Demográfico do IBGE?


Em 1872, no período imperial, foi realizado o primeiro censo da história do Brasil, o qual retratou um país composto por quase 10 milhões de habitantes, com uma distribuição populacional concentrada principalmente em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro, e com São Paulo distante de ser a maior cidade do país, como é o caso na atualidade. Cerca de 2 milhões dos habitantes eram escravos, 99% eram católicos e pouco mais da metade da população era composta por homens.

Após quase 150 anos desde o primeiro censo, o Brasil passou por transformações populacionais, demográficas e sociais de grande impacto e que somente são conhecidas devido à realização periódica da pesquisa. Hoje, a população brasileira conta com mais de 213 milhões de habitantes e com uma pluralidade de religiões. Além disso, as mulheres inverteram o quadro vigente no século XIX e se tornaram a maioria populacional no país.

Essas e outras mudanças do retrato populacional brasileiro foram monitoradas por meio de censos realizados periodicamente a cada 10 anos, com maior regularidade a partir de 1940 – quatro anos após a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cuja fundação representou um grande avanço nas metodologias e no potencial de monitoramento e precisão dos recenseamentos realizados no Brasil.

Desde então, os censos realizados no Brasil foram capazes de captar e entender os efeitos de interações sociais que redefiniram a realidade do Brasil, como movimentos migratórios, êxodos rurais e o processo de industrialização e  urbanização do país,  assim como mudanças nos índices de natalidade, mortalidade infantil e formação educacional.


Hoje, a interpretação dos dados obtidos a partir dos censos realizados pelo IBGE se consolidou como fundamental para entender o Brasil e toda a complexidade das transformações em curso e as potenciais implicações disto. Ter consciência das alterações do retrato da população brasileira permitiu, no decorrer da história dos censos, a elaboração de políticas públicas mais efetivas e eficazes para atender as necessidades e as demandas da população, especialmente em momentos críticos, como a atual crise sanitária decorrente da pandemia da covid-19.


Uso de dados por profissionais de Relações Governamentais

O uso de dados pode potencializar as estratégias das Relações Governamentais. Além da coleta e produção de dados,é faz-se necessário que o profissional da área tenha um olhar crítico sobre eles.

Por meio dos dados o lobista consegue identificar e priorizar os stakeholders-chave para traçar suas estratégias de engajamento conforme a agenda ou temática em questão. A partir dos dados, torna-se mais simples realizar uma análise comparativa e estabelecer uma matriz de stakeholders que considere tanto o poder do tomador de decisão quanto seu grau de influência sobre um tema político.

Para além do uso do monitoramento e compreensão do cenário político em torno de uma tema ou política pública, o profissional de relações governamentais também pode (e deve) utilizar dados públicos e, inclusive, de mídias sociais ou pesquisas setoriais, para desenvolver estudos mais aprofundados sobre o comportamento de votação dos parlamentares que permite entender o alinhamento com o governo ou pautas de interesse de setores econômicos, ou então avaliar como uma agenda regulatória se comporta nas diferentes Casas Legislativas do país (Será que todas têm proposições sobre Reforma Tributária igual o Congresso? Quais Municípios têm proposições que tratam sobre privacidade e proteção de dados pessoais?).

Outro uso de dados públicos para estudos mais detalhados em relações governamentais está relacionado à elaboração de relatórios setoriais ou notas técnicas que apoiam a argumentação em torno da estratégia de atuação de uma organização em um tema específico sendo tratado por um projeto de lei ou medida provisória, por exemplo.

Dados do Censo e de várias outras pesquisas feitas pelo IBGE, do IPEA, do Ministério da Economia, do Ministério do Trabalho, da Receita Federal e tantos outros órgãos que compõem o leque de dados abertos do governo são fontes de informações que podem enriquecer e embasar as análises trazendo aspectos e entendimento sobre o cenário macro que é direta ou indiretamente afetado pela atuação de uma instituição e certamente envolvem o interesse de stakeholders diversos. 

Dados públicos podem dar uma visão ampla sobre temas que envolvem Educação, Trabalho, Economia, População, Saúde, Território, Meio Ambiente, Finanças, Orçamento Público. E, realizando os cruzamentos corretos é possível enxergar as dinâmicas e importância de uma organização ou setor para a sociedade e como uma alteração legislativa, por exemplo, pode afetar toda uma cadeia social e econômica.

Por outro lado, através destes mesmos dados é que se observam gaps nas políticas públicas ou atuação dos setores privados e que podem significar janelas de oportunidades para uma atuação conjunta entre o público e o privado em busca de uma solução para uma questão pública, que ainda não é regulamentada ou que demonstre a necessidade de melhorias e atualizações na legislação vigente. 


Relação Censo e Política: perspectivas para 2022

Após um panorama histórico acerca do surgimento do Censo no Brasil e da explicação sobre a relevância dos dados para o profissional de Relações Governamentais, mostra-se oportuno relacionar a importância da pesquisa dentro do cenário político.

Por lei, o Censo deve ser realizado a cada 10 anos. Entretanto, os dois últimos anos impuseram desafios à realização da pesquisa, a qual  foi adiada em 2020 por conta da Pandemia de Covid-19 e suspensa em 2021 após a sanção do Orçamento de 2021, que previa redução da verba para realização do Censo. Vale ressaltar que o Orçamento 2022 prevê R$ 2 bilhões para a realização da pesquisa no ano que vem, valor considerado insuficiente por especialistas do IBGE.  

Nessa conjuntura, a pesquisa gera dados importantes para a construção de políticas públicas no país e é essencial para realização de investimentos públicos e privados, já que oferece um panorama completo das condições de vida dos brasileiros e divulga informações como renda, emprego, acesso a saneamento, saúde e escolaridade, além da contagem populacional. Dessa maneira, há uma melhor determinação dos públicos-alvo e das localidades para políticas a níveis federal, estadual e municipal.

Diante disso, deve-se levar em conta os repasses da União. Segundo o IBGE, 65% da verba total transferida para estados e municípios, em 2019, consideraram os dados da população. Ademais, o Censo é extremamente importante na renovação da democracia representativa, pois, através da contagem populacional, define-se o número de cargos elegíveis por voto proporcional.

Por fim, a expectativa para a realização do Censo de 2022 é alta, especialmente após os dois últimos anos em que a pesquisa do IBGE foi adiada. Para além dos fatores já citados, que demonstram sua importância, a pesquisa deve indicar os impactos da pandemia nos anos de 2020 e 2021, bem como ajudar na promoção de políticas públicas voltadas para recuperação de setores mais afetados, como a saúde, a educação e a economia após o período da crise sanitária no país.

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Este artigo foi escrito em parceria com a Strategos Jr., consultoria política Jr. da Universidade de Brasília.

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