omo seria um roteiro básico e efetivo para nortear uma campanha de lobby?
Foi com base nessa provocação que passei a organizar as ideias em torno dos 10 passos essenciais para estruturar um trabalho de Relações Governamentais.
Vocês provavelmente vão encontrar na literatura nacional e internacional alguns livros e manuais cujos autores trazem suas orientações em 5 passos, 8 passos, 10 passos. A verdade é que (e esse é o grande barato da estratégia) não existe uma fórmula mágica ou uma solução de prateleira.
O que eu trago neste breve artigo é um consolidado de alguns passos que considero essenciais e que são abordados de forma mais profunda na literatura especializada. Antes de tudo, quero deixar duas observações importantes. A primeira é que o planejamento estratégico eficaz necessita ser precedido de estudo, pesquisa e análise criteriosos. A segunda observação é que, apesar desses 10 passos estarem listados de maneira linear, o que ocorre na prática é um processo cíclico em que durante uma fase de trabalho revisitamos algumas fases anteriores e antecipamos algumas posteriores.
1 - Faça um correto diagnóstico do problema público;
Antes de receitar o remédio, é preciso antes entender o que o paciente tem. Um correto diagnóstico vai ajudar o profissional a compreender bem o que são problemas, o que são causas e o que são consequências. E com isso definir onde será mais efetivo alocar seus recursos.
2 - Defina seus objetivos alinhados com a visão de seus organização;
Para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve. Mas quem tem bem claro seus objetivos sabe pegar a estrada certa. Entenda quais são os temas críticos relacionados a sua agenda e alinhe com os envolvidos os fundamentos, princípios e conformidade da ação.
3 - Crie alternativas de solução baseadas em evidências e análise de impacto;
A nova cultura da gestão de políticas públicas é de análise de impacto normativo. E a nova linguagem é baseada em evidências. Você vai precisar falar a mesma língua de seu interlocutor.
4 - Defina a arena de atuação;
Cada Poder tem a sua competência normativa. Também cada Poder tem a sua competência fiscalizadora. E existe ainda a capacidade de influência entre e dentro deles. O lobista sabe para onde sopram os ventos da política.
5 - Analise e monitore os issues envolvidos;
Em 20 minutos, tudo pode mudar. Num ambiente pluralista multipartidário é necessário ficar atento a cada minuto com as voltas relacionadas ao seu tema.
6 - Gerencie os riscos políticos envolvidos;
Para evitar ameaças e aproveitar oportunidades, é preciso fazer um criterioso e técnico gerenciamento do risco político.
7 -Mapeie os stakeholders e redes de influência;
Nenhum homem é uma ilha. Identificando quem são seus possíveis aliados, é possível potencializar a sua campanha em tempo de recursos e intensidade. Conhecendo seus adversários, é possível aparar arestas e construir soluções de consenso.
8 - Defina suas mensagens chave, meio e linguagem para cada grupo de stakeholders;
Quem não comunica se trumbica. Storytelling se tornou uma arte poderosa quando se fala de defesa de interesse em políticas públicas.
9 - Escolha e execute seu plano de ações;
Um simples plano de ação vai te permitir resultados incríveis. Estabeleça objetivos, metas e prazos responsáveis e OKRs. E, importante, use-o como seu plano de voo. Siga-o diariamente para não desviar do caminho nem atrasar. Revise-o sempre que necessário.
10 - Elabore seus KPIs e mostre os resultados alcançados.
Quem não mede não gerencia. Nossa atividade de RelGov ainda não é muito bem compreendida e os resultados podem muitas vezes parecer muito abstratos. É muito importante deixar os resultados mais palpáveis para demonstrar o risco evitado e o valor agregado. Você vai se surpreender com a impressão que sua audiência vai ter ao conhecer os resultados apresentados.
Claro que esse é um roteiro básico e empírico. Um checklist de passos que considere essenciais. Veja-o como um convite para que você adapte e agregue o seu toque pessoal, baseado nos seus conhecimentos e na sua experiência.
*Eduardo Galvão é diretor de Relações Governamentais da consultoria BCW, professor dos MBAs de Relações Institucionais e de Políticas Públicas do Ibmec e fundador do Pensar RelGov.
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